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outubro 25, 2005

Há patinhos no Barreiro

Mensageiros andaram de aldeia em aldeia.
Algo de estranho se deve passar
se de novo convocam a Assembleia.

Um barco para Ítaca, Manuel Alegre







O Parque da Cidade virá, com o tempo e o crescer das árvores, a ser um local belo e aprazível nesta cidade que, em beleza, não é muito pródiga.

O espaço é amplo, os relvados extensos, a água faz parte da arquitectura e casa-se bem com o ambiente.

Nos logradouros aquáticos, que poderiam estar mais limpos e menos verde-pântano, transitam submersos cágados ou tartarugas e por todos os hectares do terreno – com ou sem água – uma variegada onda de patos, de muitas e desvairadas cores e raças, convivem fraternamente com a população, sobretudo com as crianças maravilhadas por alimentar à mão tão interessantes criaturas.

Para o jovem urbano é de facto um gárrulo convívio com a natureza.

Pois é! Tudo isto seria formidável se não fosse esta inquietante gripe aviária, que ameaça por aí transformar os “pessarinhos” mais ornamentais ou comestíveis em sérios agentes de guerra biológica, não estando livres de conseguirem esta condição o inumeráveis patinhos, livres e voadores, que habitam o parque.

Não sou zoólogo, nem biólogo e muito menos ornitólogo – que é uma palavra esquisita para em relação a ela se ser – portanto não sei quais serão os comportamentos dominantes destas simpáticas aves residentes. Sei, no entanto, que os seus primos são inveterados viajantes e que aqui existe um enorme sapal que pode ou não estar inscrito nas rotas turísticas destes palmípedes, possibilitando-lhes zonas de escusa promiscuidade.

Não me querendo imiscuir na moral dos patos fiquei porém algo preocupado com a possibilidade de contactos não autorizados e pela excessiva liberdade dos nosso incautos patinhos, que no pior dos casos os pode levar a uma morte prematura.

Então, corri à Web página da Câmara do Barreiro e, pelo e-mail do munícipe, disparei aos nossos edis a minha preocupação.

Tempo passou e autárquicas também, pelo que, câmara a mudar, ninguém me ligou nenhuma.

Não é que eu me julgue um cidadão acima de qualquer outro mas penso que quando alguém se dirige à Câmara, para apresentar reclamações ou sugestões, por uma mera questão de decência, deverá, ao menos, ver acusada a recepção da sua missiva. Ou estarei errado?

Como nada disto aconteceu, fui, no Domingo passado, verificar se tinha havido alguma alteração na vigilância ou restrição de movimentos dos nossos grasnadores. Qual quê! Até parece que a aves me conheciam e sabedoras da minha denúncia faziam gala em seguir-me, por todos os caminhos, evitando apenas pousar-me em cima por não terem a certeza de estarem mais a meu gosto em plena natureza ou num arroz de forno.

A minha vingança, em relação a elas e à Câmara, é que nunca saberão!

1 comentário:

Anónimo disse...

Em tempo de crise, somos obrigados a guardar a poesia palmípede para melhores dias e pensarmos de modo racional.Os patos são animais barulhentos, sempre a meterem água e a pedirem o pão dos inocentes, suponho não terem pedigre.Em função das minhas permissas, aconselho a aquisição de dois belos exemplares do melhor amigo do homem,vulgarmente conhecidos por cães( à solta num parque com alguma beleza) e a câmara que apanhe as penas.Defendo com enorme fervor o teu arroz de pato, desculpa de forno.