luís volta a casa com ar meditabundo
Não sei se alguém consegue voltar de um longo exílio. Não sei se alguma vez se volta verdadeiramente a casa.
Alma, Arte de Marear, Manuel Alegre
I
longos tédios de gelo sobre os campos
cristais inelutáveis de fontes
por pensar
a cinza
interior de águas entre ruas
disfarces de boas intenções
já não são eternos
os deuses
sobrevivem empregados
a baixas cotações
II
trazes a lembrança de um rio
por dentro da cidade
a estranheza de um nome plantado
ao fundo da sesta
não há interdições às tardes da infância
a propósito
a intersecção de duas linhas
produz na esquina do infinito
um ângulo vagamente proibitivo
III
que tal te foi a vida
a mim também
aos poucos me morria
ora que tem
falando de amor
pois a mim
por favor
acho que sim
IV
regressas meu amigo
nesse choutado passo
de receber a tença antiga
no paço
derrogas delongas de fado
canela que te coube
neste país dormido por diferença
onde rogas
por pobre devagar
a tença
Sem comentários:
Enviar um comentário