Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.

janeiro 02, 2006

Cavacorrências

Não sei depois o que aconteceu. Não sei sequer se estou a contar um sonho. Não sei. Ninguém sabe. Ninguém nunca saberá.

Escuro, O Quadrado, Manuel Alegre





Cavaco quer ser presidente da República. Isto é, Presidente de todos os portugueses. O que é uma impossibilidade!
Até pode ser que Cavaco ganhe as eleições, mas, o que nunca ganhará é o coração de todos os portugueses. Nem sequer da possível maioria que o possa eleger.

Porque Cavaco é um equívoco!

As suas possibilidades existem na razão inversa das possibilidades do nosso Povo. Da esperança de que um Presidente, versado em economia, seja aquilo que ele não é, por não o ser e por, mesmo que queira, nunca poder ser:

Uma Providência!

Alguém fez confundir Presidência com Providência. Como se sabe, são bem distintas coisas. Existem em diferenciados níveis e funções. Não são fusionais. Cavaco, por mesquinhos interesses, permite e alimenta a confusão. Assim se cala ou dizendo não diz: repete o ensaiado monólogo da competência. Sua! Que só ele encontra nele. Que os seus próceres repetem à exaustão. Cavaco não é propriamente um candidato. É um produto.

Cavaco é também um medo!

Primeiro de si mesmo, de se descolar do boneco que vestiu. Assim o seu ar plástico. Esgar cortado na boca o seu sorriso. Virtual a comunicação. Nada é nele autêntico. Tudo é programado. Cavaco tem medo de falhar o papel.
Depois é nosso o medo de que o país possa ser exactamente aquilo que Cavaco diz que ele é:

A vocação pequenina do quase nada. O não saber. O não querer mesmo saber senão aquilo que é o Ser no mais rasteiro quotidiano. Cavaco é um medonho deserto de emoção. Uma retórica vazia. Um conteúdo de nada.

Cavaco transporta uma visão do mundo que fica “entre”!

Não é clara nem clarificável. Situa-se no terreno movediço das fronteiras ambíguas. Não é de direita nem de esquerda. Não é político, embora o seja. Não pertence ao Povo nem às elites. Situa-se entre o que é e o que deseja ser, sendo apenas o que apenas parece.

Cavaco é um simulacro de si próprio.

Poderemos dar-nos ao luxo de eleger um simulacro de Presidente? Eu não o quero! Prefiro o seu anverso. Que faz versos!

3 comentários:

Anónimo disse...

SUBSCREVO totalmente.

Anónimo disse...

Cavaco, um dia, escreverá uma "Soror Mariana". Não foi ele que já inventou uma "mariani"?

Henrique Jorge

P.S.Não está fácil colocar comentários no teu Blog

Marlene Koch disse...

Porque será que não se vê um candidato ambientalista. Hmmm todos só pensam em tirar do meio ambinete... e.. as formigas que vão repor? Torço para que seja esse o eleito mas... que faça tudo bem feito. bjs