Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.

julho 16, 2008

Estava mesmo a adivinhar









Treinadores de bancada e prognosticadores de após-jogo são elementos constantes no bestiário nacional. Fujo deles quanto posso mas, de quando em vez, sou arrastado, pelos acontecimentos, para esse preclaro grupo.

É o caso actual.

Quando vi o preço do petróleo a saltitar gráfico acima pensei com os meus botões: - alguém o vai alvitrar. Isto tem de vir à baila! É impossível que não venha! E zumba! Não é que acertei em cheio? Acusem-me agora de só vir falar depois de ELE o dizer. Porque foi ELE a primeiro a aventar a hipótese. E aventou bem pois, quando em casa de alguém que tem fome se diz que além há pão, o indígena acredita.

Para tal aproveitou um momento forte e solene. A divulgação do Relatório de seu Banco, com as previsões, desastrosas, para o segundo semestre de 2008 e para o ano de 2009. Não veio dizer nada que não soubéssemos já, mas o facto de ser ELE, Victor Constâncio, Presidente do Banco de Portugal, a dizê-lo e no local, forma e tempo como e em que o disse, dão a essa fala uma força estratégica dos diabos.

E que proferiu ele afinal, que eu já adivinhava que se viria a exprimir, só não sabia quando, porquê e por quem?

Simples e expectavelmente que, encarecendo o petróleo cada vez mais, não sabendo onde irá parar o seu custo, teríamos de encarar a possibilidade de recurso à energia nuclear.

Cáspite, senhor!

Então, Portugal, com oitocentos quilómetros de costa ventosa e de forte movimentação de ondas, com um interior quase deserto e com os níveis de insolação mais altos da Europa, com rios que ainda poderão fornecer muita energia, deve esquecer-se de tudo isto e passar, num ápice, para a energia da fissão nuclear? Nem um momentinho de paragem para pensar nos riscos da exploração, no armazenamento dos perigosíssimos e quase eternos resíduos, dessa instável, radiante e maçadora matéria sobrante? Não sei quem foi que afirmou o, com certeza, disparate de que só com as virtuais energias renováveis do nosso país, poderíamos suprir as nossas necessidade e ainda sermos fortes exportadores. Foi, certamente, alguém ou mal intencionado ou que não percebe nada destas coisas das energias e de negócios.

Por isso me lembrei logo da Central nuclear de Almaraz. Está ali, na região de Cáceres, junto ao Tejo, ameaçando-nos, sem proveito que se veja, com o seu potencial poluidor e explosivo. E sabem a quem pertence essa Central? Claro, à Iberdrola! E sabem quem é o Presidente da Iberdrola Portuguesa? Evidentemente o nosso Pina Moura, por mero acaso, Adjunto do Presidente da Iberdrola que é, como referimos, a dona da dita Almaraz.

Assim, se a Central vier a ser construída em Portugal digo já (para não voltar a ser apodado de prognosticador de depois do acontecimento) que o será, a Iberdrola terá i…mensas possibilidades de ganhar o concurso de construção e exploração. Olá, que tem!

É que, como diz o Belegário, recorrendo à sua sociologia de café:

-“Isto anda tudo ligado”.

Só espero, para poupar, e porque amor com amor se paga, a nova Central seja construída, junto ao Tejo, frente a Almaraz.

É que assim, no meio da desgraça, haveria ao menos a consolação do olho por olho…





Publicado in “Rostos on line” – http://rostos.pt/

Sem comentários: