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fevereiro 15, 2007

tipos (poema)

I

é necessariamente diferente o meu estar

por ser árvore banco outono certo
nesse longo vento dos sentidos
notícia de passos até à exaustão
da aventura
não cessam meus olhos de notar
as diferentes fadigas do cansaço
sabor de sede onde tudo é árvore
aço
algemas desta fala
afrontada por enganos do dizer

o meu caminho desfaz o meu cuidado

II

na força dos castelos é que vês
a luz das estrelas de outras eras
indiscretas e vagas em devoção
de palavras dementadas
na acidental opacidade do poder
híbrida e sensual máquina onde
impreterivelmente te referencias
obcecada pela árvore
língua digestora no rompimento
dos líquenes da estrada

III

ponho óculos à cor do meu luar
véspera de multidão saúdo o vértice
das cinzas das camélias

fabrico a nave do desejo
desmesurado náufrago do vitríolo
acordo em marte de morte consumido
enrolado no forte coração da máquina

calco o acelerador introduzo a raiva
na briga-brisa que me beija
expludo à tua volta equação de
fumos e riscos acrescentada à
fome do teu ser

IV

antes que a noite caia voltemos às árvores
a cada raio de sul juntemos o instante da
plaina da justiça os verdes que se despem
nos campos intermináveis do teu corpo

resplandece e habita o segundo inominável em que cada célula se perfaz e te persegue
na impossibilidade da tua combustão

no mutismo centenário essa árvore
arranca o vento à depredação

deixo ciclicamente da invernia posar
a volúpia no âmago da flor como quem
descobre o sepulcro ou a ressurreição

deposta a raiva desabitas a angústia
e num tecido breve de cidade
abres os lúpulos à fermentação

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