A nebulosa da Águia
Este é o terrível desenho do meu conhecimento. Esta imagem, tirada pelo telescópio Hubble, é conhecida como Nebulosa da Águia, fica na constelação da Serpente, a 7 mil anos-luz da Terra.
No passado dia 12 vinha publicada no Público acompanhada pela informação de que, dentro de mil anos, este “viveiro de estrelas” seria totalmente destruído. Desapareceria.
E porquê?
Porque à seis mil anos atrás - como agora já sabemos - uma estrela explodiu nas proximidades galácticas e as suas ondas de choque volatizaram a bela nebulosa da Águia. Como esta formação de poeira estelar está a 7 mil anos-luz de distância o fenómeno só se tornará visível, para nós, daqui a mil anos.
No entanto eu sei, nós sabemos, que a imagem que vimos já não existe senão como luz fóssil, como transitiva inverdade do nosso olhar. Porque conhecemos os acontecimentos podemos fazer uma predição para os próximos mil anos. Seremos sábios, pareceremos, a qualquer ouvinte menos esclarecido, omniscientes. Como por esse saber nada poderemos fazer para evitar o já acontecido somos Cassandras impotentes.
Horrendo dilema entre o conhecimento e a impotência para o acto corrector. Assim se deve sentir o deus todo-poderoso criado pelos humanos. Sabe porque quisemos que soubesse e porque a relatividade o proporciona, mas não age, nem a pedido, porque o fenómeno, por acontecido, é inevitável.
Terrível e frustrante é o papel de deus!
2 comentários:
Cassandra não só era impotente como, ainda por cima, ninguém acreditava nela.
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