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novembro 24, 2008

canção adormentada







I
calados pela noite
os amorosos corpos
esperam a nascente
o momento de água
o ventre

tudo chegará na sua vez
tal o real dos dias
na galáxia dos lençóis

centímetro a centímetro
habito de imaginação
a nave da tua pele

com estas mãos construo-te agora
imagem marginal ao pensamento
na duração do tempo

II

no percurso dos lumes dos sentidos
ao dealbar incerto da insónia
caminho por ti escalo-te pico de ternura

tento o futuro debito o sono
nas laudas das histórias

se a noite morreu então que viva
inteirinha nos arcanos da memória

1 comentário:

Anónimo disse...

«Trovas para canção adormentada»

Corre clara a manhã
quando sossegada a noite se despede.

A luz que cobre o dia
traz inteirinha
a memória
que as mãos tecem

Vigilantes,
Os arcanos
de gesto límpido
devolvem
a serenidade
dos sonhos dobados
pela noite inquieta.

São as mãos
desprendidas
ainda prisioneiras
da memória
que rumam pelas
vagas do tempo

eternizando a ternura
no delicado gesto
que traçam
ao colher a luz
inicial

Corre clara a manhã...

Pode o dia habitar-nos.


PS: sem pretensões poéticas apeteceu-me ir à deriva a partir deste belo poema. Ao autor, digo:


Vai poeta, busca na seara o trigo loiro dos fonemas



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