canção adormentada
I
calados pela noite
os amorosos corpos
esperam a nascente
o momento de água
o ventre
tudo chegará na sua vez
tal o real dos dias
na galáxia dos lençóis
centímetro a centímetro
habito de imaginação
a nave da tua pele
com estas mãos construo-te agora
imagem marginal ao pensamento
na duração do tempo
II
no percurso dos lumes dos sentidos
ao dealbar incerto da insónia
caminho por ti escalo-te pico de ternura
tento o futuro debito o sono
nas laudas das histórias
se a noite morreu então que viva
inteirinha nos arcanos da memória
1 comentário:
«Trovas para canção adormentada»
Corre clara a manhã
quando sossegada a noite se despede.
A luz que cobre o dia
traz inteirinha
a memória
que as mãos tecem
Vigilantes,
Os arcanos
de gesto límpido
devolvem
a serenidade
dos sonhos dobados
pela noite inquieta.
São as mãos
desprendidas
ainda prisioneiras
da memória
que rumam pelas
vagas do tempo
eternizando a ternura
no delicado gesto
que traçam
ao colher a luz
inicial
Corre clara a manhã...
Pode o dia habitar-nos.
PS: sem pretensões poéticas apeteceu-me ir à deriva a partir deste belo poema. Ao autor, digo:
Vai poeta, busca na seara o trigo loiro dos fonemas
Acácia
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