falenas II
naquele tempo
usavas espigas nos cabelos
e nos beijos dois sorrisos
e nos sorrisos anelos
e nos anelos juízos
foi o tempo
de pastorear os sóis
nas tardes das lentidões
nos ocasos dos faróis
nas profundas uniões
nesse tempo tu chegavas e era sempre verão
trazias nos lábios os crepúsculos matutinos
em lembranças florescidos
era certo
que adornavas o caminho com flores
os delicados suspiros
no primeiro fruto maduro
do local onde habitavas
tanto tempo
que o tempo pôs os olhos
no carbono do queixume
no efémero do ciúme
falena que abandonei
tempo outro
quando as árvores num doce suicídio
apodreceram galantes no olvido
da janela onde te expunhas
taparam-te a janela
as quedas testemunhas já sussuram
os silêncios dos amantes
que acabaram
5 comentários:
Ao contrário das borboletas, estes versos não são efémeros. No conjunto dos oito englobados no tema, para mim são os mais bonitos.
Bisbilhotando: são recordações?
Meu caro Dr.
O poeta é um fingidor...etc...
Nem sempre é fingidor, o poeta.
Pois não! Mas é bom que se esqueça isto algumas vezes.
tá a ver dr. jorge fagundes, como é que ele tinha as miúdas de évora sempre à volta? era a poesia senhor, era a poesia!
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