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maio 19, 2010

memórias XXI - poema de leiria da tarde e de maria




I

a porta fechou
as praias são só areias
e os países naufragam nos jornais

correr correr e nem sequer é domingo
em que embrulho se meteu a vida
na tarde das naus

já leiria perdeu os seus pinhais e o pintor
em parte incerta desconhece que

a tarde só é tarde quando dói

a maria
olha a vida da confeitaria
em frente ao hospital

e ademais
lembrem-se dos que sofrem
aqui
é proibido buzinar

já leiria perdeu os seus pinhais

os poentes de outono
são das poucas coisas na minha terra
que não têm dono

II

por sua vez o tejo
encheu-me as unhas com parte de um poema

quando os lustres se acenderem
vou agarrar-te na alma e correr pelo rossio
depois da meia-noite
quando as orações são bruxarias
a instaurar a raiva dos centauros

desliga o telefone desligando a vida
porque hoje os faquires vão ao cinema

amanhã irei à florista saber a cor
onde os goivos habitam e
se o poema é a difícil revelação da verdade
não haverá janelas que me falem sobre o que faz
um homem sozinho na cidade

evidentemente

à tarde

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