Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.

outubro 09, 2009

Memórias XVIII – trago um país


Foto de BlueShell

trago comigo
um país achado em Portugal
trago um país meu
por final

trago comigo um país de mel e poesia
um país de vinho
um país amargo
trago um país que há muito não havia
e que foi encontrado ao largo
de si mesmo

trago um país repartido a esmo
um país vizinho e longe
em vento e tortura abandonado
num país de novo construído
de novo este país foi encontrado

levo comigo um país de tempos idos
um país que não volta
sem saudades
trago num sorriso à rédea solta
um país que me fala de verdades

digo trigo e pão e primavera
o sol nasce
digo tempo era
e hoje faz-se
o país que em mim trago ousadamente

tenho uma pátria trago um país agora
enormemente



Lisboa, Primavera de 1974

1 comentário:

Pedro Luso de Carvalho disse...

Este poema é muito bom, quer pelo tema, quer pela imagens poéticas, para falar o mínimo. Parabéns.

Um abraço,
Pedro Luso.